terça-feira, 24 de agosto de 2010

Á Noite
Andar de Bic de Noite é uma experiência única
De noite os trilhos têm outra perspectiva, outra “cor”, outra dimensão. No que diz respeito a orientação, não é para todos. Um conselho se não estás habituado, não te metas só a andar de noite, corres o risco de te perderes á porta de casa!
Quanto á parte técnica, é preciso uma boa luz, acreditar na bic e seguir o instinto! De resto á semelhança de andar de dia, com uma diferença tens que estar preparado a reagir mais rápido.
Mais uma coisa, andar de noite, para quem gosta de descer, não dá para hesitar! A velocidade nas descidas, á noite, não é perceptível, por isso tens de ir super concentrado.
Um ultimo conselho. Para isso conto um episódio que me aconteceu. Em grupo de noite a luz mistura-se. Há uns dias atrás num trilho passei inadvertidamente para a frente numa pequena descida, onde tinha-mos de passar em fila, quando dei por ela estava tudo escuro á minha frente, quase no imediato bati em alguma coisa (um ramo atravessado) e fui ao chão. Conclusão quando vamos em grupo a luz que nos ilumina pode não ser a nossa! Fica atento á tua autonomia de luz.
A “noite” num sentido filosófico, é a altura de tristeza, de desgraça, de terror, de momentos de infelicidade, a escuridão da vida deve ser sempre encarada e engana-se quem pensa o contrário, como uma circunstancia que numa altura ou outra nos irá atingir. Ter medo da “noite” é a coisa mais normal do mundo. Explicar a “noite” aos filhos pequenos, é uma das coisas mais difíceis no acto de educar.
Pessoalmente nunca tive medo da noite, mas tenho muita dificuldade de conviver com a outra “noite”. Não, não vou dizer que andar de Bike, me ajuda neste Medo, mas pelo facto de conviver e de me socializar com outros, falando de uma forma ou de outra sobre estas coisas ajuda. Como ajuda outra actividade desportiva qualquer que ela seja.
A noite ou a “noite” não pode sobrepor-se ao DIA!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um passeio a Sós
Sábado a meio da manha lá sai eu para mais uns quilometros de treino/pratica. Estava um dia excepcional para andar de bike. Pena foi que acabei por sair só, já que o resto do pessoal á ultima da hora se lembrou de arrancar para a Povoa de Lanhoso, não é a minha preferência fazer dezenas de quilometros numa só jornada, como costumo dizer, quando a bike dói, deixa de ter graça.
Tinha planeado um percurso para o GPS e foi isso que fui fazer. O percurso tinha cerca de 67km, mas nestas coisas, quando nos metemos a fazer percursos nas cartas e depois vamos para o terreno as coisas tem que levar correcções, nesse dia não foi excepção.
Sair só é também uma vertente, se bem que um pouco perigosa, que me entusiasma. Assim sendo lá sai eu por volta das 10.00h em direcção a Vilarinho das Cambas. Repeti algumas partes da Quarta-feira passada, tive de enfrentar de novo os cães em Fradelos, desta vez passaram de 2 para 5! Assustei-me um pouco, mas depois de dar um berro para chamar alguém da quinta, eles assustaram-se e afastaram-se. Não deixei de reclamar com a senhora que entretanto apareceu á janela, que tem que ter os cães controlados. Mas com cães ainda teria mais surpresas…
Seguia entretanto o trilho no GPS, que me ocupa e distrai um pouco, deixando as introspecções habituais um pouco para segundo plano. Mesmo assim não deixei de reflectir como é difícil entender os anseios dos nossos filhos, principalmente da minha filha (16,5 anos), a conviver com uma paixão, que considera, eterna (!), a ter experiências, que assustam a mãe, que me desiludiram um pouco, por acha-las prematuras, mas sobre tudo, porque tenho muita dificuldade em acompanha-la no crescimento. Muito rápido nuns aspectos muito lento noutros, acho eu! Mas a Vida é isto, um permanente desafio, onde devemos estar presentes!
Entretanto um engano aqui, uma correcção acolá, lá ia eu progredindo no terreno. Quando dei por mim estava a chegar á estrada da Povoa - Famalicão, atravessando uns campos de erva, não houve ninguém a reclamar! Também segundo a Carta deveria existir naquele percurso um trilho. Atravessei a estrada e seguia o percurso pelo meio de uma aldeia tipicamente Minhota, onde se mistura as casas de Brasão com nítidas barracas de uma pobreza artificial, artificial porque muitas vezes, as pessoas vivem naquelas condições porque se acomodaram, porque não arriscaram, não imigraram, não quiseram abandonar as origens, depois os anos passam e quando dão por ela já é tarde e ficam…Ficam pobres…
O percurso entretanto levou-me para fora das aldeias e embrenhei-me mais uma vez no monte. Ao cruzar uma estrada municipal, deparei-me com um cãozinho (+-2 meses), preto, com umas manchitas castanhas. Passei por ele e vi o medo naquele animalzinho, tão desprotegido no meio do nada. Andei mais uns metros…Não resisti voltei para traz e recolhi-o. Primeiro trouxe-o ao colo, depois o percurso levou-me até a Igreja de Courel (Barcelos). Ai liguei para o meu Irmão e pedi-lhe que viesse ao meu encontro para levar o Canzito. Avancei mais um pouco na estrada com o bichito no colo até Góis. Ai esperei pelo transporte para o Canzito. Entreguei o cão ao meu irmão e combinei ir recolhe-lo mais tarde no dia.
Continuei o percurso, tive que recuar alguns quilometros para recuperar o trilho programado.
Ia andando e reflectindo. Como vou resolver o problema do cão? Imaginei, pôr os meus filhos encarregues de arranjar um dono, porque infelizmente, eu não podia ficar com ele. Vivo em apartamento e sou daqueles que não concorda com cães em apartamentos. Por outro lado pensava como é possível alguém deixar um animalzinho daqueles num lugar como aquele, longe de tudo, abandonado á sua sorte? Infelizmente é vulgar estas situações, as pessoas continuam a considerar os animais de companhia ou de estimação (!), como os Gatos e os Cães, como peças descartáveis ou brinquedos, com as pilhas gastas!
Com a história do cão perdi muito tempo e quando dei por ela eram 3 da tarde e o percurso ainda ia nos 40 km. Resolvi regressar por estrada.

sábado, 14 de agosto de 2010

Sacrifício !

Depois de te iniciares neste desporto e perceberes que gostas, vais naturalmente querer, elevar os teus níveis de desempenho. Treinos e alguma contenção no prato, é necessário se te queres aventurar nas chamadas “Maratonas”.
Passados já alguns meses, mais algumas centenas de quilómetros nas pernas, pequenos passeios, Bonitos, outras aventuras mais audazes; Serra da Freita (Valongo), Alvão e principalmente Buçaco!
3ª Maratona da Mealhada Buçaco (O Relato de um Exemplo)
Sábado 4 de Março; Condições atmosféricas horrorosas! Aquela que viria a ser, até agora, a minha maior prova de resistência na Bike.
Partida 9.30h, debaixo de ligeira chuva. Entramos nas pistas (!), lama, lama e mais lama, Agua e mais água. Nas subidas fiquei desde logo para traz. Era impossível progredir a não ser a pé. Quando dei por ela, estava a pedalar SÓ! Sob chuva intensa! Na separação dos 40 / 80 (92km), tinha parado de chover arrisquei os 80!
Várias vezes tive a tentação de desistir. Mas como na vida nada é dado, tudo custa! Desistir não! Continua, dizia para mim mesmo. Pela primeira vez, nestas andanças, dei comigo a falar só! A Animar-me a mim mesmo. O Vento que no alto da serra do Buçaco, me fustigava, era acompanhado por um barulho ensurdecedor (verifiquei que não era nem mais nem menos, a fustigar ao grandes Pinheiros Ardidos que ainda se mantinham de pé).
Numa íngreme subida, feita mais uma vez a pé, começou a cair Granizo. O barulho do gelo a bater no capacete foi…foi desanimador. Olhei para frente, ninguém, olhei para traz ninguém! A luz do dia ficou particularmente escura, na minha cabeça se calhar ainda parecia mais escura! SEGUE! CONTINUA!...
Criei uma meta (virtual claro), aos 60km vou parar para comer! Foi o catalizador para vencer a subida que nunca mais acabava. O Conta-quilómetros ia passando devagar.
Aos 60km parei! Olhei para o fundo do monte e vi um Companheiro a começar a subida e pensei; todos nós temos as nossas cruzes! Isso e as vitaminas que comi animaram-me para continuar a vencer o cansaço, o frio, porque a vida, tem destes episódios; Quantas vezes não estamos cansados, desanimados, desmotivados, depois olhamos á nossa volta e vemos companheiros bem piores, e ainda com força, animados!...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

um Passeio
“Castro Laboreiro”
Com início e fim em Castro de Laboreiro, o Passeio, foi empreendido com a presença de 9 BTTistas. As condições atmosféricas foram muito favoráveis – estava um dia magnífico! Com uma distância que não ultrapassou os 50 km, o Passeio decorreu em trilhos muito bons na parte Portuguesa e Espanhola. Passamos em Campelo, Eiras e Padrosouro aldeias do lado Português, depois saltamos para Espanha, atravessando um Planalto magnífico e descemos (e que descida) para Fraga, onde fomos recebidos com um grande fuguetório. Coincidência apenas, já que estava a acontecer uma Festa Religiosa. Paramos ai para comer alguma coisa e fazermos os habituais comentários do percurso passado. Um furo foi a única nota a registar.
De Fraga seguimos para Bangueses (Esp). Para ai chegar tivemos que vencer a primeira de duas subidas (!). - É principalmente nestas alturas que o corpo precisa da mente. O acto de pedalar, de ultrapassar o terreno duro, íngreme e de piso muito irregular, faz desta actividade uma actividade difícil, física e mental. Neste momento de “sofrimento”, a nossa mente, passa em pequenos flashes os últimos dias da nossa vida, os bons e maus momentos. Faz uma avaliação dos desses momentos, sobre a tensão do esforço muscular, do acto. É aqui que talvez esteja a diferença. O que nos pareceu difícil de ultrapassar, de julgar, de perdoar, de avaliar, neste momento é visto por uma perspectiva diferente! O resultado é que, reavaliamos todas as nossas atitudes.
Continuando o relato. Em Bangueses tivemos alguma dificuldade para descobrir o trilho. Mas felizmente que demos com Gentes boas e a língua não foi problema, de pressa encaminhamos para o nosso destino, a segunda subida. Era de facto uma verdadeira subida. Cerca de 6 km para atingir os 1.100 m e voltar ao Magnifico Planalto do Castro. Pelo meio da Aldeia de Balgueses separamo-nos de um elemento, do Jorge. Depois de alguma expectativa lá apareceu o Jorge. Já no Planalto fizemos a ultima paragem para abastecer. Já com 45 Km nas pernas passamos a fronteira e iniciamos o regresso a Castro Laboreiro, passaríamos ainda pelas aldeias de Rodela e Queimadelo. Em Rodelo constatamos, infelizmente, o que já começa a ser habitual nas nossas Aldeias do interior, era uma Aldeia fantasma!
Para percorrer os 2 km que antecediam a Aldeia de Rodelo, percorremos um “single track” muito bom onde se registou a avaria, que viria a ser a mais grave, já que impossibilitou o Nuno de continuar. Uma escora partida. Rapidamente carregada a bic no Jipe do “fotógrafo”, lá regressamos nós a Castro de Laboreiro.
Apesar desta prática ser um desporto individual, vale-se muito do companheirismo. Quando se vai em esforço, em dificuldades físicas e psíquicas, ter um companheiro a dar-nos ânimo é muito importante.
Normalmente, praticantes habituais têm tendência para se agruparem a companheiros com quem simpatizam mais. Por isso há hoje muitos grupos de praticantes que mesmo sem se oficializarem como associações, quase que o são. Organizando as Domingueiras, Passeios e outras actividades. Com facilidade encontras onde vives grupos destes que te recebem com agrado.